Além do Cidadão Kane

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Quanto vale a vida humana?

Por Deise Queiroz


Quanto vale a esperança? Quanto vale a fé? Eis as questões que estão postas!


Na quarta-feira, 27/02, dia consagrado à Iansã e Xangô, o terreiro Oyá Onipó Neto era colocado abaixo na cidade de Salvador, ação orientada por um dos braços do Estado, a SUCOM. Marcos Rezende, filho de Xangô, ogã do Ilê Axé Oxumarê e Coordenador Geral do CEN, iniciou uma greve de fome em repúdio a este crime e pela garantia da existência do Terreiro. Será que os nossos dirigentes também irão se pronunciar da mesma forma que se mobilizaram quando um padre católico iniciou protesto similar?Quando um Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus chuta uma santa negra, a nossa ira, a justiça legalista sabe a quem e o que deve ser punido. Mas quando um ato de intolerância religiosa, um crime de racismo é cometido pelo próprio Estado, leia-se neste caso, a Prefeitura Municipal de Salvador ; a quem a sociedade civil vai clamar por justiça? Que meandros deverão ser utilizados para que este mesmo Estado, com suas várias nuances (secretarias, repartições, chefes, donas/os ) não fique impune? A pergunta é : como privaremos este Estado racista de liberdade? Em quanto está avalizado o prejuízo espiritual e material de toda a sociedade negra, com destaque para a candomblecista que vê os seus símbolos sagrados soterrados sob os seus olhos?Verdadeiramente, esses escombros não machucaram somente às irmãs e irmãos daquela casa. Machucaram e feriram TODA a sociedade negra, que mais uma vez, tem a prova de como o Estado nos percebe, nos trata e nos elimina.Resta agora uma dúvida... Qual é o objetivo que essa mesma prefeitura tem em realizar durante o ano de 2007, um levantamento e identificação dos terreiros na cidade de Salvador? Este terreiro que foi abaixo consta nesse mapeamento. Temos que nos proteger, haja vista que agora o Estado já sabe aonde nós estamos. Uma das estratégias utilizadas por nossos mais antigos e antigas durante a explícita repressão policial às casas de candomblé, era a de não se mostrar. Hoje, nós, acreditando que esses atos estão somente em nossa memória, cedemos nossos endereços, com número e tudo. Parece que é para ser utilizados contra nós mesmos.Isso serve de alerta para as casas que ainda estão à salvo... A repressão não acabou!!! O Estado está utilizando os seus outros membros, além dos braços, com novos nomes e artifícios, mas a finalidade é a mesma!!!

Deise QueirozÉ Estudante de Ciências sOciais - UFBA; Integrante do Diáspora - Gupo de Estudantes Negras(os); Diretora Nacional de Políticas para a Juventude do Coletivo de Entidades Negras (CEN).

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