Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Julho-Dezembro de 2008: O mundo mergulha no coração da fase de impacto da crise sistêmica global

Por ocasião deste número 26 do Global Europe Anticipation Bulletin (GEAB), a equipe do LEAP/E2020 decidiu lançar um alerta sobre o período Julho-Dezembro de 2008. Com efeito, doravante nossa equipe está convencida de que este período será caracterizado por um mergulho do conjunto do planeta no coração da fase de impacto da crise sistêmica global. Os seis meses que vem aí vão, portanto constituir o verdadeiro núcleo da crise em curso. As turbulências dos últimos doze meses não foram senão uma fraca premissa.
Com efeito, é no decorrer do próximo semestre que todas as componentes da crise (financeira, monetária, econômica, estratégica, social, política...) irão convergir com a intensidade máxima
[1] . Sem entretanto rever em pormenor as diferenças seqüências já antecipadas nos números anteriores do GEAB, nossos investigadores escolheram apresentar as evoluções das diferentes grandes regiões do planeta nos próximos seis meses. Para fazer isto, optaram por desenvolver oito fenômenos principais que irão marcar os próximos seis meses de maneira decisiva e orientar duradouramente os anos de 2009 e 2010, a saber: 1. O dólar em perdição (1 Euro = 1,75US$ no fim de 2008): Um medo pânico do afundamento da divisa e da economia dos EUA atormenta a psique coletiva americana. 2. Sistema financeiro mundial: A ruptura por causa da impossível manutenção sob a tutela de Washington. 3. União Européia: A periferia afunda na recessão ao passo que o núcleo da zona Euro diminui de velocidade. 4. Ásia: O duplo "golpe de bambu" inflação/afundamento das exportações. 5. América Latina: Dificuldades em aumento mas um crescimento mantido para grande parte da região, com o México e a Argentina em crise. 6. Mundo árabe: Os regimes pro - ocidentais à deriva / 60% de riscos de explosão político-social no eixo Egipto-Marrocos. 7. Irão: Confirmação de 70% de probabilidade de um ataque daqui até Outubro de 2008. 8. Bancos/Bolhas especulativas: A colisão das bolhas. Paralelamente, a equipe do LEAP/E2020 apresenta neste GEAB Nº 26 cinco conselhos estratégicos destinados a bancos centrais, governos e instituições de controle que elaborou nestes últimos meses e cujo objetivo é limitar e canalizar as graves conseqüências da fase de impacto da crise. Para investidores privados, o LEAP/E2020 desenvolve igualmente neste GEAB Nº 26 uma série de oito conselhos operacionais a fim de evitar que comentam erros fatais nos próximos seis meses. Neste comunicado púbico, o LEAP/E2020 optou por apresentar sua antecipação acerca da próxima ruptura do sistema financeiro mundial.
A decisão de Washington de fazer subir os lances em termos de retorno ao "Dólar forte", obrigando Ben Bernanke a intervir, lança as sementes de uma aceleração do processo de ruptura do sistema financeiro mundial
[2] . Com efeito, Ben Bernanke é a última muralha antes da tomada de consciência definitiva por parte dos principais detentores de divisas americanas e de ativos denominados em Dólares de que Washington já não tem os meios de sustentar a sua moeda. Aquilo que, no princípio de 2006 (com o fim da publicação do M3 pelo Fed), correspondia a uma política deliberada de baixa do dólar a fim de tentar reduzir o déficit comercial americano e limitar o valor real (para os Estados Unidos) do seu endividamento mundial (que é denominado em dólar), voltou-se contra os seus iniciadores e transforma-se numa fuga generalizada para fora dos Estados Unidos (fuga de capitais, estabilidade dos déficits comerciais, aumento da inflação, ...). A carta "Bernanke" é a última carta "psicológica" que Washington pode jogar. O fato de utilizá-la mostra que os dirigentes americanos atingiram os maiores extremos par tentar reter seus parceiros no sistema criado após 1945, fundado sobre a economia dos Estados Unidos e na sua divisa [3] . . Ao empenhar-se neste caminho que não leva a parte alguma, consciente ou inconscientemente, voluntariamente ou não, Ben Bernanke acaba de assinar o fim do atual sistema financeiro. O retorno ao "Dólar forte" é um pouco como a "libertação do Iraque", um voto piedoso que se transforma em pesadelo.
Aliás, se porventura Washington tivesse realmente a intenção de tentar estabilizar o Dólar ou, mais ambicioso, de fazê-lo subir outra vez face às principais moedas mundiais, não haveria senão um único método
[5] , compreendendo dois aspectos: uma forte alta das taxas de juro do Fed e uma baixa drástica da criação monetária. Se as autoridades americanas decidissem executar esta política, a economia americana (real e financeira) pararia nas semanas que se seguissem: o mercado imobiliário cairia a zero sem créditos abordáveis e devido a uma explosão dos juros sobre as famílias endividadas a taxas variáveis, o consumo americano tornar-se-ia negativo (ou seja, recuaria mês após mês), as falências de empresas multiplicar-se-iam de maneira exponencial, Wall Street entraria em colapso sob o peso das suas dívidas múltiplas e sucumbiria à implosão imediata do mercado do CDS devido aos incumprimentos generalizados dos co-contratantes... Estes acontecimentos, absolutamente certo no caso de uma ação voluntarista de Washington em favor do Dólar forte, são sem dúvida inaceitáveis para as autoridades americanas. Portanto, além de falar, e de se desacreditar ainda mais, elas nada farão. O método tradicional destas últimas décadas não é mais encarável: ninguém mais aceitará comprar Dólares maciçamente para salvar a divisa americana sem uma ação muito voluntarista (aquela descrita anteriormente) por parte de Washington. Como este não intervirá, o resto do mundo tirará as conclusões necessárias: cada um por si doravante. E não se pode esquecer em meados de Agosto de 2008, Pequim estará aliviada do constrangimento de fazer a todo o custo com que os Jogos Olímpicos tenham êxito. Portanto um grande número de opções "brutais" [6] , postas em fila de espera até os Jogos Olímpicos, vão retornar à superfície [7] .
15/Junho/2008

Notas: (1) Para um calendário mais pormenorizado destas tendências, ver GEAB N° 18.

(2) Aliás, o Banque des Règlements Internationaux já se inquieta com o risco de uma Grande Depressão Mundial. Fonte: Banking Times , 09/06/2008

(3) Fonte: Euro Pacific Capital , 23/05/2008

(4) Ver a respeito, neste GEAB N°26, os conselhos de LEAP/E2020 aos bancos centrais, governos e instituições de controle.

(5) Afastamos o segundo método que consistiria em bombardear o BCE, o Banco da China e o Banco do Japão.

(6) Fonte: ContreInfo , 21/04/2008

(7) E com a Rússia a impor-se doravante como o primeiro produtor mundial de petróleo, diante da Arábia Saudita, as relações de força no mercado petrolífero também estão em vias de mudar rapidamente. Fonte: Times of India , 12/06/2008

O original encontra-se em http://www.leap2020.eu/ Este comunicado público encontra-se em http://resistir.info/ .


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