Além do Cidadão Kane

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Iraque: 6 anos depois

As Terríveis Perdas Humanas no Iraque: Cerca de 1 Milhão de Mortos, 4,5 Milhões de Desalojados, 1-2 Milhões de Viúvas, 5 Milhões de Órfãos


John Tirman: The Nation
Fonte: Uruknet Tradução de Francisca Macias


Agora que Bush se foi embora, talvez nós possamos enfrentar honestamente os danos que causamos e assumir as nossas responsabilidades

Agora nós podemos fazer a avaliação do número de Iraquianos que morreram na guerra provocada pela administração Bush. Com o olhar atento para a prova evidente do legado de guerra de Bush, poremos em perspectiva as suas declarações de vitória. É certo que, até mesmo pelas suas bandeiras – estabilidade – o tribunal está longe. A maior parte dos analistas independentes costuma dizer que é muito cedo para se julgar os resultados políticos. Quase seis anos depois da invasão, o país continua dividido por políticas sectárias e a maioria dos problemas estão por resolver, como a situação de Kirkuk
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Nós temos uma melhor compreensão dos custos humanos da guerra. Por exemplo, as Nações Unidas calculam que há perto de 4,5 milhões Iraquianos desalojados – sendo mais de metade refugiados - e cerca de um em cada seis civis. Apenas 5% optaram por regressar às suas casas durante o ano que passou, um período de menor violência comparado com os altos níveis de 2005-2007. A viabilidade de cuidados sanitários, água potável, escolas a funcionar, empregos e por aí adiante continua a ser uma ilusão. Segundo a Unicef, muitos distritos informam que menos de 40% das famílias têm acesso a água potável. Mais de 40% das crianças em Basra, e mais de 70% em Bagdá, não podem freqüentar a escola.
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A mortalidade causada pela guerra é também muito alta. Foram realizados vários estudos estatísticos às famílias entre 2004 e 2007. Embora se verifiquem diferenças entre eles, a extensão avaliada mostra coerência nas estimativas. Mas nenhum foi efetuado durante dezoito meses, e os dois estudos mais credíveis ficaram completos em meados de 2006. O mais relevante deles encontrou 650.000 mortes ‘excessivas’ (mortalidade atribuída à guerra); o outro revelou 400.000. A guerra continuou feroz durante doze a quinze meses depois daqueles estudos terem terminado e começou então a acalmar. Uma ONG de Londres, a Iraq Body Count (IBC) que utiliza relatórios da imprensa do Iraque em língua inglesa, na contagem de mortes de civis, tem uma forma de atualizar as estimativas de 2006. Embora se saiba que é um cálculo por defeito, porque os relatórios da imprensa estão incompletos, ainda assim a Central de Bagdá, IBC apresenta dados aproximados, que são impressionantes. Estas estimativas aproximam-se de 100.000, mais do dobro do número de Junho 2006 que eram de 45.000. (Nesta contagem não entram mortes não violentas - de emergências, por ex, ou mortes de guerrilheiros). Se isto é uma marca aceitável, uma estimativa credível do total de mortes pode ser calculado dobrando os totais dos estudos de 2006, em que foi utilizado um método de cálculo muito mais seguro e sofisticado que conta com uma longa experiência em epidemiologia. Assim, nós temos agora entre 800.000 e 1,3 milhão de’ mortes excessivas’, quando nos aproximamos do sexto ano desta guerra.
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Estes horríveis números fazem sentido quando lemos declarações de entidades iraquianas de que há 1 a 2 milhões de viúvas e 5 milhões de órfãos. Isto é a prova evidente direta do total da mortalidade e a evidência indireta, embora confirmada, dos desalojados e despojados e da insegurança geral. Os números globais são espantosos: 4,5 milhões de desalojados, 1 a 2 milhões de viúvas, 5 milhões de órfãos, cerca de um milhão de mortos, de um modo ou de outro, praticamente uma vítima em cada dois iraquianos.
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De uma forma inteligente, seria difícil descrever isto como uma vitória, fosse lá qual fosse. Fala-se muito do esforço de reparação que temos de fazer pelos iraquianos, e isso devia acautelar-nos contra guerras selvagens para as quais somos propensos. Agora que Bush saiu, talvez os Estados Unidos possam honestamente enfrentar os danos que causamos e assumir as responsabilidades que temos por eles.
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O texto traduzido encontra-se em Tribunal Iraque
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Um comentário:

Robson Luiz Ceron disse...

Excelente blog, já está nos favoritos!
Robson Luiz Ceron.
PS: deixo ao amigo um convite para participar da XVII Convenção de Solidariedade a Cuba - 10 a 13 de junho em Florianópolis/SC (http://convencao2009.blogspot.com/)

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