Além do Cidadão Kane

sábado, 11 de abril de 2009

Ditadura uruguaia torturou grávidas e mandou crianças à prisão

A ditadura uruguaia (1973-1985) aplicou choques elétricos, afogamentos e surras em grávidas, inclusive no ventre para prejudicar o bebê, e submeteu alguns recém nascidos a mais de três anos de prisão.

“Várias destas crianças, então, foram torturados antes de nascer”, apontou hoje o diário La Republica baseando em uma investigação histórica sobre o terrorismo de Estado naqueles anos, realizada por uma equipe de pesquisadores da Universidade da República.

A “guerra” da ditadura foi contra toda a sociedade, incluídas as crianças, 67 dos quais, ao menos, foram presos políticos, afirma o articulista.

Crimes como esses também foram cometidos antes de 1973, pois outros 27 casos ocorreram sob os governos de Jorge Pacheco Areco (1967-1972) e Juan María Bordaberry (presidente constitucional entre 1972 e 1973, de fato até 1976).

No Uruguai houve crianças prisioneiras políticos durante ao menos sete anos, entre 1970 e 1977, aponta o jornalista. “A maioria deles recebeu torturas antes de nascer e estiveram presos o equivalente a 47 anos se soma a permanência de todos nos cárceres”, acrescenta.

O comentário sobre a “Investigação histórica sobre a ditadura e o terrorismo de Estado no Uruguai (1973-1985)”, alude majoritariamente às crianças, mas também dá conta que algumas as grávidas foram violadas.

Cita que quatro filhos de pais desaparecidos foram recuperados, como 12 de presos políticos assassinados ou desaparecidos temporariamente, enquanto ainda se desconhece o paradeiro de três.

Um dos bebês, de pai desaparecido e mãe presa política, foi entregue a sua família biológica; seis nascimentos nunca foram confirmados porque as gestantes desapareceram; oito menores foram abandonados pela ditadura, mas depois estabeleceram-se suas identidades.

Também há cinco casos de filhos de pai desaparecidos na Argentina e transladados de clandestinamente ao Uruguai com suas mães e depois libertados. Outro menor foi sequestrado junto a seu pai e recuperado por sua família no Uruguai.

Assinalado como incompleto pelos autores da investigação, a listagem foi feita a partir de informações em sua maioria proporcionadas pelas vítimas daquelas atrocidades, hoje homens e mulheres que reclamam justiça para seus pais e eles mesmos.

O estudo tornou-se público no meio de uma campanha popular para plebiscitar a Lei de Caducidade, que anistiou ex-militares e policiais violadores dos direitos humanos em tempos da ditadura.

Texto: Prensa Latina
Publicado em Blog do IZB

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