Além do Cidadão Kane

sábado, 6 de junho de 2009

É URGENTE FAZERMOS UM MUTIRÃO PARA DEBATER A CRISE

João Pedro Stedile
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1. A sociedade brasileira continua anestesiada em relação ao verdadeiro problema da crise. A imprensa burguesa tem passado a idéia de que:
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a) A crise é cíclica, normal no capitalismo, portanto, logo sairemos dela.
b) A crise é um fato natural, e portanto atinge a todos, devemos nos conformar.
c) A crise não tem culpados. Ela aconteceu e pronto!
d) O governo está certo quando ajuda as empresas para elas darem empregos.
e) O Brasil é um país protegido por Deus e pelo presidente do Banco Central, Sr. Meirelles, e, portanto, a crise aqui terá pouco efeito.
Tudo isso não passa de falácias.
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2. O governo brasileiro tem atendido a todas as demandas dos capitalistas. Os banqueiros puderam reduzir a transferência ao Banco Central dos depósitos à vista, ou seja, um reforço de caixa de 180 bilhões de reais com os quais compraram títulos do governo, recebendo 11% de juros.
Os setores industriais terão um reforço de 100 bilhões de reais na caixa do BNDES, retirados do orçamento da União. As vinte maiores agroindústrias, a Sadia, Perdigão, alguns frigoríficos estrangeiros, receberam 12 bilhões reais para capital de giro. Os capitalistas do agronegócio, os mesmos que diziam sustentar o Brasil e retiravam dos bancos 70 bilhões de reais como crédito rural, exigiram 150 bilhões, e já botaram na rua 280 mil assalariados rurais. O governo tem acenado com “apenas” mais 98 bilhões. A segunda preocupação do governo é não contaminar a disputa eleitoral e a terceira é evitar que o clima de crise gere um sentimento de desânimo, com conseqüências incontroláveis. Por tudo isso, está evitando o debate sobre a crise na sociedade.
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3. Os partidos políticos já estão em plena campanha eleitoral. Nem querem ouvir falar em crise.
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4. Diante desse quadro é urgente que as centrais sindicais, os movimentos sociais e as pastorais sociais, comecemos imediatamente um verdadeiro mutirão na sociedade, para debater a crise. Essa crise não é cíclica, é estrutural do capitalismo e será prolongada e profunda. E coloca em xeque os padrões atuais de consumo e os recursos naturais, o equilíbrio do meio ambiente. Nas crises anteriores cerca de 80% da humanidade viviam no meio rural, e tinham melhores condições de resistir à crise do capitalismo industrial. Agora 80% da humanidade vivem nas cidades. Daí a necessidade de debater políticas publicas que garantam a manutenção das mínimas condições de vida do povo das cidades.
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*João Pedro Stedile é membro da coordenação nacional do MST e da Via Campesina Brasil - Artigo extraído da revista Caros Amigos
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Publicado em Blog do IBZ

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