Além do Cidadão Kane

terça-feira, 29 de junho de 2010

Vox Populi confirma IBOPE

A pesquisa Vox Populi divulgada hoje, 29/06/2010, mostra virada de Dilma sobre Serra: 40% a 35%



Pesquisa Vox Populi sobre a eleição presidencial indica que Dilma Rousseff (PT) tem 40% das intenções de voto. O oposicionista José Serra (PSDB) tem 35%, enquanto Marina Silva (PV) aparece com 8%. É a primeira vez que Dilma passa à frente de Serra numa pesquisa Vox Populi.

A sondagem foi feita com 3 mil eleitores, de 24 a 26 de junho, e tem margem de erro de 1,8 pontos percentual. Na pesquisa anterior, feita de 8 a 13 de maio, havia empate técnico entre os candidatos, por conta da margem de erro — que era de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em maio, no cenário em que apenas os candidatos Dilma, Serra e Marina foram apresentados aos entrevistados, a petista teve 37% (podendo variar de 34,8% a 39,2%, por conta da margem de erro). O tucano teve 34% (variando de 31,8% a 36,2%). Na semana passada, dia 23, o Ibope também divulgou sua primeira pesquisa em que Dilma liderava sobre Serra. Por coincidência, o resultado também foi 40% contra 35%.

Os resultados acima são da pesquisa estimulada (em que o entrevistador apresenta uma lista com nomes dos candidatos para o entrevistado). A pesquisa Vox Populi divulgada hoje mostra ainda resultados obtidos na modalidade espontânea (em que o eleitor diz qual é seu candidato sem ver nenhuma lista de nomes): Dilma tem 26% e Serra, 20%.

Israel e EUA Fornecem Armas de Treino Militar

Ameaça Sionista à Venezuela

Carolus Wimmer*

Não é apenas no Médio Oriente que o sionismo reinante no Estado de Israel assume o papel para que desde início se disponibilizou na violação de Direitos Humanos, na intromissão nos assuntos internos de outros países e na participação em actos terroristas, em treino e organização de grupos terroristas, esquadrões da morte e paramilitares, como este texto de Carolus Wimmer demonstra até à saciedade.
Em 2008, o então ministro da Defesa da Colômbia e hoje candidato presidencial do uribismo, Juan Manuel Santos, viajou até Tel Aviv para reforçar os laços de cooperação em matérias militar de segurança entre ambos os governos. As duas administrações assinaram um contrato para aquisição de 25 caças bombardeiro KFIR israelenses. O convênio foi aprovado pela Secretaria de Defesa dos Estados Unidos.

Nesse mesmo ano, The Jerusalem Post deu a opinião que, graças à gestão de Juan Manuel Santos, as relações entre Israel e a Colômbia tinham importância estratégica, já que Tel Aviv se tinha convertido num dos principais fornecedores de armas e treino militar para combater a insurreição do país neogranadino.

Fontes do Exército israelense confirmaram que alguns dos seus ex-oficiais superiores treinavam forças colombianas.

O diário israelense Maariv disse numa reportagem que militares na reserva trabalhavam com as suas empresas como mercenários, e oferecem os seus serviços por salários entre os 5.000 e os 8.000 dólares mensais.

No relato biográfico escrito por Maurício Aranguren, o chefe paramilitar Carlos Castaño afirmou que, em 1983, foi clandestinamente treinado em Israel para organizar a sua própria organização terrorista na Colômbia.

«Sob a cobertura de um estudante de ciências na Universidade Hebréia de Jerusalém, liguei-me a um grupo de outros latino-americanos durante um ano numa “escola privada” onde, ao abrigo de um programa secreto com o número de código 562, alguns veteranos do Exército israelense instruíram o grupo nos detalhes da guerra, da geopolítica, do comércio internacional de armas, como comprar espingardas, operações psicológicas e contra-terrorismo e os fundamentos das armas nucleares», escreve-se no livro.

Procurados pela Interpol

«Por solicitação do governo colombiano, em 2002 a Interpol emitiu três mandatos de captura. Atuei com licença e permissão da Colômbia».

Em 2008, Klein foi capturado em Moscou. A Colômbia pediu a sua extradição. Em Abril deste ano, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos recusou a entrega de Klein à justiça colombiana porque «corria o risco de ser torturado».

Na Colômbia atuam mercenários e assessores israelenses contratados diretamente pelo Executivo.

Na base de Tolemaida, em Cundinamarca, encontra-se um grupo de elite israelense. Devido às críticas que despertaram estas contratações, o então ministro Juan Manuel Santos reiterou à revista Semana: «Eles não têm nada a ver com operações».

Tudo aponta para a reestruturação da inteligência. Tolemaida é uma das sete bases militares previstas pelo acordo de segurança com os Estados Unidos.

Organizações dos direitos humanos denunciaram a crueldade das práticas que os comandos israelenses ensinaram às autodefesas colombianas. A ativista Gladys Olivero, de Colombianos e Colombianas pela Paz expressou: «O ataque á Flotilha da Liberdade é uma prova mais do apodrecimento do sionismo internacional que estendeu os seus tentáculos a todos os países do mundo e, através de organismos como a Mossad, está a atuar na América latina e no Caribe. Na Colômbia minaram a colocação de espias e estão a amparar e treinar o paramilitarismo.

As criminosas práticas dos serviços israelenses na Palestina são as mesmas que fazem na Colômbia.

Juan Manuel Santos, que provavelmente ganhará a segunda volta nas eleições presidenciais da Colômbia no próximo dia 20 de Junho, afirma sentir-se por dizerem que «a Colômbia é o Israel da América Latina».

* Membro da Comissão Política do Partido Comunista da Venezuela

Este texto foi publicado em: Correo delOrinoco

Tradução de José Paulo Gascão

Publicado em O Diário

Gripe A: Novas acusações contra a OMS

Paul Benkimoun*

E de repente, abateu-se um manto oficial de silêncio sobre a gripe A. No entanto, a passagem do tempo não pára as acusações (já não são críticas) à Organização Mundial de Saúde pela sua atuação no surto de vírus H1N1: “alguns peritos que participaram na redação das diretrizes gerais da OMS face a uma pandemia gripal receberam remunerações de indústrias farmacêuticas - Roche e GlaxoSmithKline – implicadas na fabricação de medicamentos ou de vacinas contra os vírus gripais”.

As críticas sobre a forma como a Organização Mundial de Saúde (OMS) respondeu à epidemia gripal aumentaram de volume Sexta-feira 4 de Junho, com a publicação coordenada de um inquérito levado a cabo conjuntamente pelo British Medical Journal (BMJ) e o Bureau of Investigative Journalism de Londres, e do relatório adotado no mesmo dia pela comissão de saúde da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa.

O segundo sublinha uma “falta de transparência”na gestão da crise do H1N1 pela OMS e as instituições públicas de saúde, acusando-as de ter “dilapidado uma parte da confiança que o público europeu tem nestas organizações altamente reputadas” e considera que “este declínio da confiança poderia representar um risco no futuro”. O primeiro revela que alguns peritos que participaram na redação das diretrizes gerais da OMS em face de uma pandemia gripal receberam remunerações de indústrias farmacêuticas - Roche e GlaxoSmithKline – implicadas na fabricação de medicamentos ou de vacinas contra os vírus gripais.

Um ano após o anúncio, a 11 de Maio de 2009, por Margaret Chan, do inicio da pandemia gripal, muitos dos governos ocidentais encontram-se com stocks não utilizados de medicamentos antivirais e de vacinas contra o novo vírus A (H1N1), encomendados em alta de preço, enquanto o banco JP Morgan estima que as vendas de vacinas anti-pandêmicas trouxeram entre 7 e 10 milhões de dólares (5,8 a 8,3 milhões de euros) aos laboratórios.

Parece que, após 1999, data à qual um documento apresentava as primeiras linhas orientadoras da OMS para um plano pandêmico, os peritos, desempenhando um papel chave na elaboração da estratégia da instituição internacional neste domínio tinham ligações de interesses com os industriais. As recomendações eram redigidas por quatro peritos em colaboração com o Grupo de Trabalho Cientifico Europeu sobre a gripe (ESWI na versão anglófona).

“O que o documento não revelava era que este ESWI é inteiramente financiado pela Roche e os outros fabricantes de vacinas. E mais, não indicava que René Snacken e Daniel Lavanchy (dois dos especialistas, sendo o segundo na época empregado da OMS) tinham participado em eventos financiados pela Roche no ano anterior, segundo os documentos de marketing consultados pelo BMJ e pelo Bureau ”, escrevem os jornalistas britânicos Deborah Cohen e Philip Cárter.

O artigo cita diferentes outros peritos como tendo participado na elaboração de documentos estratégicos da OMS sobre a pandemia gripal, entre os quais os professores Karl Nicholson (Universidade de Leicester), Albert Osterhaus (Universidade Erasme, Roterdão) ou Frederick Hayden (Universidade de Virgínia), que foram pagos pelos industriais e publicaram artigos a apoiar os medicamentos antivirais (o Tamiflu da Roche ou o Pelenza da GlaxoSmithKline), interesse hoje contestado no seio da comunidade médica.

“Nenhuma declaração de interesses foi publicada e nenhum detalhe foi fornecido pela OMS em resposta às nossas perguntas”, indicam Deborah Cohen e Philip Carter, que assinalam que muitos peritos citados afirmaram ter declarado as suas ligações de interesse.

Os dois jornalistas deploram também o segredo mantido pela OMS sobre a composição da comissão de urgência, criada pela diretiva geral que a aconselhou a decidir o momento de declarar uma pandemia. “Uma decisão que desencadeou os custosos contratos preestabelecidos sobre as vacinas através do mundo”, comenta no seu editorial a diretiva da redação do BMJ, Fiona Godlee.

Interrogado pelo Le Monde, o porta voz da OMS, Gregory Harti precisa que “cada vez que ela reúne os peritos, a OMS os faz preencher uma declaração de interesses, que é submetida à apreciação do presidente da comissão de peritos, mas não os publica porque contêm informações de ordem privada”.

No que respeita á comissão de urgência, M. Harti precisa que a sua composição será tornada pública logo que tenha terminado a sua missão, uma medida que visa “evitar que os seus membros cedam a pressões, tendo em conta as conseqüências enormes das decisões tomadas”. A argumentação não convenceu o BMJ e o Bureau, que questionam se isso subentendia que outros comitês da OMS, cuja composição é pública, estão submetidos a influências exteriores.

O relatório redigido por Paul Flynn, parlamentar britânico socialista, e adotado no dia 4 de Junho pela comissão de saúde da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, acusa também a instituição internacional de fazer prova de uma “ grave falta de transparência” no processo de decisão, a que se junta “ a prova esmagadora de que a gravidade da pandemia foi largamente sobreestimada pela OMS”.

O documento sublinha que “é principalmente a passagem rápida pela OMS para o nível 6 da pandemia, num momento em que a gripe dava sintomas relativamente moderados, combinado com a mudança de definição dos níveis de pandemia pouco antes do anúncio da pandemia H1N1, que aumentou as preocupações e as dúvidas de parte da comunidade cientifica “. O relatório será submetido à Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa e dos seus 47 estados membros em 24 de Junho.

* Jornalista

Este texto foi publicado no Le Monde

Tradução: Guilherme Coelho

O que faz correr o General McChrsytal

Tariq Ali*

Na explosiva entrevista à revista  Rolling  Stones  o  general McCrhystal dispara em todas as direções, não poupando sequer Barack Obama, a quem sempre apoiou. Será apenas o desespero pelo desenrolar da guerra no Afeganistão?
A entrevista kamikaze do general Stanley McChrystal produziu o efeito desejado. O general foi demitido e substituído pelo seu superior, general David Petraeus. Mas por trás do drama em Washington há uma guerra que vai de mal a pior e não há conversa fiada jornalística que oculte isso.

O empertigamento de Holbrooke (que é uma criação de Clinton) é significativo, não por seus defeitos pessoais, que são muitíssimos, mas porque a tentativa de Holbrooke de derrubar Karzai sem ter alguém confiável para por em seu lugar enfureceu os generais. Convencidos de que não há meio pelo qual vencer aquela guerra, os generais ficarão absolutamente órfãos e perdidos, sem Karzai: sem um ponto de apoio pashun no país, o colapso da OTAN-EUA pode alcançar proporções de Saigon.

Todos os generais sabem que o beco sem saída é sem saída, mas todos anseiam por construir reputações e carreiras e esperam fazê-lo testando novas armas e novas estratégias (jogos de guerra sempre atraem os generais, desde que não haja riscos reais para os generais, pessoalmente considerados); por isso obedeceram ordens apesar de praticamente não haver nenhum tipo de acordo nem entre os generais, nem entre eles e os políticos.

Obama sempre foi apoiado por Stan [McChrystal] e Dave [Petraeus], mas não pelo general Eikenberry, ex-patrão dos dois supracitados e atual embaixador dos EUA em Cabul. Eikenberry já está bem vingado, pelo beco sem saída e pelo quanto custou e ainda custará. Todos os «avanços» e «conquistas» de que os jornais vivem cheios e que são aumentados até a loucura são ilusórios. As baixas, de soldados dos EUA e da OTAN, só fazem crescer, semana após semana; multidões de cidadãos europeus e norte-americanos já fazem aberta oposição à guerra e pregam a retirada; diferentes facções dos Talibãs preparam-se para assumir o poder do Afeganistão; o Iran foi definitivamente afastado pelas sanções e não colaborará; a Aliança do Norte está ativa, os líderes trabalham como nunca, como os irmãos de Karzai, fazendo dinheiro. E, com reservas de lítio e tudo, é cada dia mais difícil sustentar as forças da OTAN no país.

Os militares paquistaneses mantêm contato permanente e estável com as lideranças Talibã e um Karzai já desesperado pediu que os EUA retirassem o nome de Mullah Omar e outros anciãos Talibãs da lista de «terroristas», de modo a que possam viajar e participar na vida política do país. Resposta de Eikenberry: estamos preparados para considerar cada nome da lista, caso a caso, mas não haverá anistia geral. Com o tempo, ah, sim, também isso virá.

As eleições de meio de mandato nos EUA aproximam-se e Netanyahu é esperado como convidado especial da Casa Branca para ajudar a empurrar para cima a maré de apoio do lobby pró-Israel/AIPAC, a favor dos depauperados Democratas.

O que se ouve pelos salões de Washington é que Obama será obrigado a livrar-se de Gates no Pentágono e de Rahm na Casa Branca. O que ninguém parece estar percebendo é que McChrystal anda exibindo cara de muita fome.

Estará interessado em disputar a indicação pelo partido Republicano?

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*Tariq Ali é editor da New Left Review, diretor da Editorial Verso e membro do Conselho editorial de Sin Permiso

Este texto foi publicado em www.lrb.co.uk/

Tradução de Caia Fittipaldi

A guerra de Obama

Atilio Boron [*]

Amitai Eztioni é um dos sociólogos mais influentes do mundo. Nascido na Alemanha e emigrado em Israel nos anos fundamentais desse estado radicou-se depois nos Estados Unidos onde iniciou um longa carreira acadêmica que o levou a algumas das mais prestigiosas universidades desse país: Berkeley, Columbia, Harvard, até culminar, nos últimos anos em Washington, DC, como Professor de Relações Internacionais da George Washington University. Mas as suas atividades não se limitaram aos claustros universitários: foi um consultor permanente de diversos presidentes norte-americanos, especialmente de James Carter e Bill Clinton. E desde o 11/Set, com o auge do belicismo, sua voz ressoou com força crescente no establishment norte-americano. Há poucos dias ofereceu um novo exemplo disso.

Apologista incondicional do Estado de Israel, acaba de publicar na Military Review, uma revista especializada das forças armadas dos Estados Unidos, um artigo que põe em evidência o "clima de opinião" que prevalece na direita norte-americana, o complexo militar-industrial e nos setores mais cimeiros da administração, muito especialmente no Pentágono. O título do seu artigo diz tudo: "Um Irã com armas nucleares pode ser dissuadido?" A resposta, convém esclarecer, é negativa. Esta publicação não podia chegar num momento mais oportuno para os belicistas estadunidenses, quando reiteradas informações – silenciada pela imprensa que se diz "livre" ou "independente" – falam do deslocamento de navios de guerra estadunidenses e israelenses através do Canal de Suez em direção ao Irã, o que faz temer a iminência de uma guerra. Em várias das suas últimas "Reflexões" o comandante Fidel Castro havia advertido, com a sua habitual lucidez, acerca das ominosas implicações da escalada desencadeada por Washington contra os iranianos, cuja pauta não difere senão em aspectos anedóticos da utilizada para justificar a agressão ao Iraque: assédio diplomático, denúncias perante a ONU, sanções cada vez mais rigorosas do Conselho de Segurança, "incumprimento" de Teerã e o inevitável desenlace militar.

As sombrias previsões do comandante parecem otimistas em comparação com o que coloca este tenebroso ideólogo dos falcões norte-americanos. Numa entrevista concedida quarta-feira passada a Natasha Mozgovaya, correspondente do jornal israelense Haaretz nos Estados Unidos, Etzioni ratifica o afirmado na Military Review, a saber: o Irã pretende construir um arsenal nuclear e isso é inaceitável. A única opção é um ataque militar exemplar e é preferível desencadeá-lo um mês antes e não dez dias depois de o satanizado Irã dispor da bomba atômica. No seu artigo o professor da GWU insiste em assinalar que qualquer outra alternativa deve ser descartada: a diplomacia fracassou; as sanções da ONU carecem de eficácia; bombardear as instalações nucleares não mudaria muito as coisas porque, segundo declarações do secretário da Defesa Robert Gates, a única coisa que se conseguiria seria atrasar o avanço do projeto atômico iraniano por três anos; e, finalmente, a dissuasão não funciona com "atores não racionais" como o atual governo do Irã, dominado pelo irracionalismo fundamentalista que contrasta com o comedimento e racionalidade de governantes israelenses que assassinam ativistas humanitários em pleno Mediterrâneo. Em conseqüência, a única coisa realmente eficaz é destruir a infra-estrutura do Irã para impossibilitar a continuação do seu programa nuclear.

Esse ataque, acrescenta, "poderia ser interpretado por Teerã como uma declaração de guerra total", mas como as tentativas de diálogo ensaiadas por Obama fracassaram é urgente e imprescindível adotar medidas drásticas se os Estados Unidos não quiserem perder o seu predomínio no Médio Oriente em favor do Irã. Pelas suas grandes reservas petrolíferas – superadas apenas pela Arábia Saudita e o Canadá [NT], e muito superiores às do Iraque, Kuwait e dos Emirados – o Irã excita a ânsia de rapina do imperialismo norte-americano, que com 3 por cento da população mundial consome 25 por cento da produção mundial de petróleo. Além disso, não se pode esquecer que a guerra é o principal negócio do complexo militar-industrial, de modo que para sustentar os seus lucros há que utilizar e destruir aviões, foguetes, helicópteros, etc. Assim, o par diabólico formado pela "guerra preventiva" a "guerra infinita" continua seu curso inalterável, agora sob a presidência de um Prêmio Nobel da Paz cujo servilismo diante destes escuros interesses juntamente com a sua falta de coragem para honrar esse prêmio coloca a humanidade à beira do abismo.

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[NT] As reservas do Canadá não deveriam ser comparadas às da Arábia Saudita, pois são em grande parte constituídas por xistos betuminosos. A transformação do mesmo em petróleo está no limiar do rácio EROEI (Energy Returned On Energy Inputed).

Publicado em Resistir.info
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terça-feira, 22 de junho de 2010

Serra defende projeto de cobrança em hospital público em SP e diz que críticas são "trololó político.

Silvana Salles 

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou nesta quinta-feira (3) que as críticas ao uso de parcerias com as OSs (organizações sociais) na área da saúde, permitindo o atendimento de pacientes particulares nos hospitais públicos, são "trololó político da ala sindicalista do PT".

A Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou na quarta (2), por 55 votos a 17, o projeto de lei que permite que todos os hospitais estaduais sejam terceirizados e, apesar de públicos, atendam a pacientes particulares e de planos de saúde, mediante cobrança. Questionado sobre quando será sancionado o projeto, Serra respondeu que ainda não viu a versão final do documento, que "será analisado pela Casa Civil".

São Paulo Aprova Cobrança em Hospital Público

O Ministério Público afirmou que, assim que a norma entrar em vigor, ajuizará ações contra a sua execução; para o MP, a futura lei fere os princípios de igualdade e universalidade do SUS (Sistema Único de Saúde), pois cria um tratamento distinto aos pagantes. A futura lei é especialmente polêmica na questão da venda de até 25% dos atendimentos dos hospitais públicos terceirizados a pacientes particulares e de planos de saúde. Os críticos dizem que se trata de uma "privatização da saúde pública". Na visão desses críticos, os pacientes que pagarem pelo atendimento ou utilizarem seus planos de saúde entrarão numa fila mais rápida, em detrimento dos pacientes do SUS.

Pois bem, que fique então, bem claro, quais são as idéias políticas de Jose Serra/PMDB/DEM/PFL/PPS.

Sendo médico, tenho estado a trabalhar no serviço público de saúde, em São Paulo, por 6 anos, e aqui no Rio Grande do Sul, desde 2002. Com todos os problemas da enorme demanda por atendimento via SUS, este sistema vem melhorando o processo de saúde do nosso estado, RS, e do país. Desde a implantação do SUS em setembro de 1990, avanços vem sendo conseguidos, através de muita luta dos agentes sociais, de tal forma que nosso sistema público de saúde recebe elogios de vários países e muitos deles enviam representantes para estudá-lo.

É obvio, que quando se fala em saúde, está se lidando com sentimentos, com demandas muitas vezes emergenciais, que exatamente por seu caráter de urgência, causam distorções da realidade.

É fato que o sistema ainda carece de muitos ajustes, que embora em um ritmo aquém do necessário, vem acontecendo.

A decisão do governo José Serra/PSDB, inicia DELIBERADAMENTE, um processo de desconstrução do SUS.

Não procede de nenhuma razão o argumento de que a parte "particular" financiará a parte pública, senão vejamos:

1. Os planos de saúde privados vêm sofrendo resultados negativos, devido ao alto custo dos tratamentos, com uma Medicina muito baseada em exames sofisticados e caros, não só pelo tipo de formação médica, que por si só daria margem a outro post, mas pela indústria de processos judiciais. Desta forma, não há como haver "sobra" de caixa que consiga alavancar as demandas do SUS.

2.Ao formatar um hospital com dois sistemas distintos de atendimento, criaremos duas classes de seres humanos, os que podem pagar seu atendimento, e aqueles que não têm condições. Claro que isto já ocorre, mas colocar em um mesmo serviço, é submeter a população de baixa renda a mais uma humilhação.

3. Os especialistas em gerenciamento e administração de serviços públicos, os médicos envolvidos "verdadeiramente" no atendimento público, sabem que esta mistura só levará a distorções que paulatinamente enfraquecerão o SUS até sua extinção.

É bom que estas escolhas de Jose Serra/PSDB/PPS/PFL/DEM, privatizar a saúde, minar as estradas com pedágios cada vez mais aviltantes, entregar o ensino público à iniciativa privada, doar a exploração do petróleo aos estrangeiros, são CLARAMENTE parte importante de sua plataforma eleitoral.

Cabe ao PT e sua coalizão trazer para o debate estes pontos e deixar a população saber com clareza os rumos que o país tomará caso a aliança conservadora e entreguista vencer as eleições do próximo ano, e demonstrar a GRANDE DIFERENÇA entre as propostas de um e de outro, pois a mídia golpista certamente não fará.

R$ 5,7 bilhões desviados da Secretária de Saúde de SP construiriam 114 hospitais de 250 leitos

Edinho Silva

As eleições se aproximam. Com a candidatura tucana despencando – mesmo nas pesquisas manipuladas – Serra, mitômano compulsivo, já surge nas propagandas oficiais do governo paulista alardeando, como sempre, pseudo–realizações e obras do passado implementadas por outrem como se fossem de sua autoria. O companheiro Edinho Silva, presidente do PT-SP, escreveu um artigo bastante esclarecedor sobre esse tema. É muito oportuno ler.

Há dez anos a Bancada do PT na Assembléia Legislativa denuncia o desvio e as irregularidades na gestão dos recursos destinados à saúde, no Estado de São Paulo. O desvio das verbas foi comprovado em 2009 pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus). A auditoria apontou um desvio de R$ 2,1 bilhões durante os anos de 2006 e 2007 (Alckmin/Serra). O dinheiro desviado estava em contas ou aplicações financeiras em nome do Tesouro Estadual.

Desde 2004 uma ação popular pede a aplicação da EC 29/200 e a reposição dos gastos. A decisão judicial parcial foi favorável à ação. Deputados do PT e sindicalistas da área da saúde protocolaram no Ministério Público uma representação contra o governador Geraldo Alckmim (PSDB), isso já em fevereiro de 2006. Alckmim foi acusado de não aplicar mais de R$ 2 milhões na saúde, descumprindo a determinação de investir um mínimo de 12% do orçamento do Estado no setor da saúde.

A prática de investir a verba em serviços que não são da área continua sendo aplicada pelo governo Serra e foram feitas denúncias pelos deputados petistas nos últimos meses sobre estes gastos que, no período de 2001 a 2009, desviaram cerca de R$ 5,7 bilhões da Saúde. Estima-se que este valor seria o suficiente para construir 114 hospitais de 250 leitos.

Original no Blog Jromarq
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Investimentos do Governo Federal

Edinho Silva



De modo republicano, governo federal injeta milhões na capital e nas cidades do interior

O governo Lula está presente em cada uma das regiões do Brasil com investimento em obras estruturantes que garantem emprego, renda, desenvolvimento sustentável dos municípios e melhorias na qualidade de vida da população.

Em São Paulo não poderia ser diferente. As Caravanas do PT, que percorreram as 19 macrorregiões do estado, demonstraram o grande volume dos investimentos que têm mudado o perfil de cidades e regiões.

Somente com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o governo federal investirá R$ 101,5 bilhões até 2010 no estado de São Paulo. São diversas obras, em especial de infraestrutura, urbanização de bairros precários e saneamento básico, realizadas por meio de parcerias com as esferas governamentais, empresas estatais e recursos privados.

Muitas das obras chegam a colocar a cidade num outro patamar em relação ao desenvolvimento, meio ambiente e condições dignas de vida.

A transformação social

O governo do presidente Lula não está presente somente nas obras estruturantes. São vários os programas realizados em parcerias com os municípios que transformam a vida de milhares de famílias paulistas, principalmente aquelas que ficaram à margem da sociedade durante anos.

De acordo com dados do Portal Federativo, da Presidência da República (http://www.portalfederativo.gov.br/), somente o Bolsa Família garante melhores condições de vida a pelo menos 1,1 milhão de famílias do estado de São Paulo.

Já o Prouni possibilitou acesso à universidade a 172 mil jovens paulistas. No ProJovem são 26.202 cadastrados. O Luz para Todos levou energia elétrica e dignidade às famílias da zona rural. Foram ao todo, 2.022 ligações feitas.

Na área da Saúde, são 84 Farmácias Populares com remédios até 90% mais baratos, colaborando de forma significativa na continuidade dos tratamentos de doenças como hipertensão ou colesterol, além dos mais de 2.400 estabelecimentos conveniados ao programa.

O programa de Saúde da Família, que prioriza a prevenção de doenças, recebeu grande incentivo do governo federal aumentando o número de equipes e, conseqüentemente o número de pessoas atendidas em mais de 80% entre 2002 e 2009, saindo de 5,9 milhões para 10,7 milhões.

Já a população assistida pelas equipes de saúde bucal aumentou 428% no mesmo período. Atualmente são 7,8 milhões de equipes atuando no estado. Em 2002 eram 1,4 milhão. O CEO (Centro de Especialidade Odontológica), do Brasil Sorridente colabora no tratamento especializado da saúde bucal de famílias paulistas como a colocação de próteses, odontopediatria, entre outras. Atualmente são 674 CEOs implantados no estado de São Paulo.

A segurança alimentar também é prioridade para o Governo. Por meio do Programa Restaurante Popular, 11,2 mil famílias são beneficiadas por dia com refeições balanceadas e subsidiadas. Já o Banco de Alimentos, garante distribuição de alimentos à 308 mil pessoas. Na área de assistência social, o investimento do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) contribui para tirar 26,2 mil da situação de vulnerabilidade social. No estado foram implantados 356 CRAS (Centros de Referência da Assistência Social), espaço que integra todo trabalho de assistência à família.

Com o Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) o governo ajuda pequenos agricultores e assentados. No ano agrícola 2007/2008 foram firmados 39.370 contratos e um investimento superior a R$ 393 milhões. O valor representa 436% a mais que o ano agrícola 2002/2003.

A expansão da rede de universidades federais do Ministério da Educação vai garantir até 2012 quase 7 mil vagas a mais somente no estado de São Paulo. A educação tecnológica também amplia vagas com a construção de 19 Cefets (Centros Federais de Educação Tecnológica).

Território Cidadania diminui desigualdades sociais

O Território da Cidadania, programa do governo federal lançado em 2008, foi implementado com o propósito de diminuir as grandes desigualdades sociais e regionais. No estado, duas regiões são beneficiadas: Vale do Ribeira e Pontal do Paranapanema. Ao todo são mais de R$ 340 milhões em 127 ações de apoio a atividades produtivas, cidadania e direito e infraestrutura.

Dentre as iniciativas está o programa de documentação da trabalhadora rural, a capacitação em políticas públicas para mulheres rurais, a assistência às famílias acampadas, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada para idosos e pessoas com deficiência, programa de erradicação do trabalho infantil, crédito do Pronaf, programa de aquisição de alimentos, ampliação da cobertura dos agentes comunitários de saúde, melhorias nos sistemas de esgotamento sanitários, construção de escolas do campo e em comunidades quilombolas, ligações de energia no Programa Luz para Todos, apoio aos planos de desenvolvimento rural sustentável, entre muitas outras.

Investimentos do PAC no estado de SP, balanço de janeiro a abril de 2009

Investimentos do PAC no estado de SP, balanço de maio a agosto de 2009

Original no Blog Edinho Silva
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José Serra e o caos na saúde pública

Altamiro Borges


Nas suas recorrentes campanhas eleitorais – para presidente, prefeito da capital paulista, governador de São Paulo e, provavelmente, outra vez para a presidência em 2010 –, o ex-ministro da Saúde na gestão de FHC e atual governador do estado, José Serra, sempre procura vender a imagem do político preocupado com a saúde do povo. Porém, a prática, que é o critério da verdade, desmente o seu marketing eleitoreiro. Num curto espaço de tempo, o presidenciável tucano coleciona péssimas notícias neste front. Se fosse um governador da base de apoio do presidente Lula, ele seria espinafrado pelas manchetes dos jornais e pelos âncoras da TV. Mas, como protegido da mídia, pouco se fala sobre o caos na saúde pública em São Paulo.

A redução de investimentos e o completo sucateamento do setor levaram o Sindicato dos Funcionários de Hospital das Clinicas a solicitar o fechamento imediato do prédio para uma rigorosa vistoria. Para Itamar Fernando, presidente da entidade, a medida abrupta, que penalizaria a população carente, é urgente “antes que alguma tragédia maior aconteça”. No último dia 24, ocorreu um principio de incêndio no sexto andar do prédio, interrompendo o atendimento hospitalar por 20 minutos. Foi o terceiro incidente somente neste mês de janeiro. Já na noite de Natal de 2007, outro grave incêndio atingiu o edifício e obrigou a remoção dos pacientes. A unidade ficou fechada por nove dias e milhares de consultas e exames foram suspensos.

Uma lucrativa mercadoria

A gravidade da situação já atemoriza os próprios pacientes. Maria José Antunes, de 52 anos, que passou por uma cirurgia no HC em meados de janeiro, lembra que ficou apavorada com o odor de queimado. “Os médicos me acalmaram e explicaram que o cheiro era ainda do incêndio do Natal. Isso é um absurdo”. O mesmo quadro de abandono se verifica no Hospital do Servidor Público de São Paulo. Em novembro de 2007, a direção do órgão demitiu 212 funcionários, incluindo 55 médicos. A medida visou reduzir custos e veio acompanhada de novas terceirizações. “Os pacientes sentem o reflexo das decisões arbitrárias, que prenunciam o caos”, desabafou Otelo Junior, presidente da Associação dos Servidores do Iamspe.

O caos na saúde pública de São Paulo reflete bem a opção neoliberal do presidenciável José Serra, que ainda engana os inocentes com a sua retórica “desenvolvimentista”. Como afirma Benedito de Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde), o setor se encontra degradado “e não é por falta de recursos financeiros. São Paulo é o estado mais rico do país. É uma questão de prioridades. O governo não investe na saúde porque decidiu há mais de dez anos transferir os serviços públicos para o setor privado”. Primeiro, o tucanato entregou os hospitais novos para os abastados empresários. Depois, reformou antigas unidades e as repassou às chamadas Organizações Sociais de Saúde (OSS), uma forma marota de privatização. “Se o maior hospital da América Latina está vulnerável a um incêndio, como estão os subterrâneos e dutos de outros hospitais públicos de São Paulo?”, questiona o dirigente sindical.

Reação autoritária e histérica

Na prática, a saúde pública virou lucrativa mercadoria na gestão tucana! Diante das críticas dos pacientes e dos servidores – que ainda registram o brutal arrocho dos salários, as péssimas condições de trabalho e ausência de concursos para repor o quadro funcional –, o governador Serra esbanjou sua truculência. Num ataque de histeria, afirmou que “o incêndio pode ter sido criminoso” e rejeitou a proposta da entidade dos servidores de interdição do HC até a sua vistoria completa. “O sindicato lá é petista. Torce pelo pior e age com base em provocação para enfraquecer a direção do HC. Isso é provocação petista”. A insinuação de “incêndio provocado” e o ataque ao sindicato até mereciam processo na Justiça por calúnia e difamação.

A experiência mundial demonstra que neoliberalismo não combina mesmo com a democracia. A qualquer crítica ou pressão, os neoliberais escancarados ou enrustidos partem para a violência. José Serra não foge à regra. Ele já demitiu dirigentes sindicais e ativistas metroviários que lideraram uma greve em defesa do veto presidencial à Emenda-3, da precarização do trabalho, num visível atentado à Constituição. Também se recusa a negociar com lideranças do MST as pendências relativas à reforma agrária. A truculência e a intransigência são marcas deste tucano. “O que se espera de um governador é maior sensatez”, pondera o presidente do Sindicato dos Médicos, Cid Carvalhaes. Mas de José Serra isto é pouco provável.

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- Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

domingo, 20 de junho de 2010

Um Imperialista num momento de verdade no Afeganistão

John Catalinotto
Tradução de F. Macias

Um político imperialista foi obrigado a demitir-se no dia 31 de Maio, não devido a nenhum escândalo nem mesmo por ter sido apanhado a mentir publicamente. Desta vez o Presidente Alemão Horst Köhler, do Partido Democrata Cristão (CDU), foi obrigado a resignar por dizer a verdade sobre o papel da Alemanha na guerra do Afeganistão.

Ao falar à Deutschlandradio no dia 22 de Maio, durante uma visita às tropas no Afeganistão, Köhler deixou escapar: “Mas a minha opinião é que, acima de tudo, nós começamos a compreender, mesmo a sociedade em geral, que um país da nossa dimensão, virado para o mercado externo e por isso também dependente do mercado externo, tem que estar ciente que em caso de dúvida quanto a uma emergência, a ação militar também é necessária para proteger os nossos interesses.” (O Local, de 27 de Maio)

Köhler deve-se ter esquecido que não estava a falar só para os seus correligionários da CDU. Ao falar verdade provocou uma tempestade nos social-democratas (SPD) e nos Verdes da Alemanha. Eles tinham andado a justificar a intervenção alemã no Afeganistão como necessária para defender a Alemanha do “terrorismo islâmico” assim como os direitos das jovens e mulheres afegãs a freqüentarem a escola.

Desde a participação alemã na invasão à Jugoslávia em 1999, estes partidos têm conduzido a Alemanha para guerras, alegadamente em nome dos direitos humanos. As observações de Köhler vieram denunciar esta hipocrisia. Por isso os seus dirigentes explodiram numa reação de críticas violentas ao presidente alemão por falar verdade em público.

O líder do grupo parlamentar do SPD, na oposição, Thomas Oppermann disse ao periódico Der Spiegel que Köhler estava “a prejudicar a aprovação das missões do Bundeswehr no estrangeiro”. Oppermann acusou Köhler de “ servir a causa do Partido da Esquerda”, o único partido no parlamento que se tem oposto firmemente à missão no Afeganistão. O Bundeswehr é as forças armadas alemãs.

As observações de Köhler expuseram a verdadeira razão da Alemanha estar a enviar os seus jovens para as montanhas da Ásia Central, a 3,000 milhas de distância. Combater por tal razão, viola a constituição da Alemanha. As suas palavras também abriram uma janela sobre toda a máquina do imperialismo do século XXI.

Os grandes países industrializados da Europa Ocidental, América do Norte e Japão, que também são os centros financeiros mundiais, exploram trabalhadores dentro das próprias fronteiras e em todo o mundo. Eles super-exploram trabalhadores e apoderam-se dos recursos dos países oprimidos – a maior parte das antigas colônias do imperialismo dos séculos XIX e XX.

Economicamente, as regras do comércio e investimento são estabelecidas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio e outras instituições controladas pelas mesmas grandes potências.

Militarmente, o Pentágono fornece a principal força policial para impedir os oprimidos de se levantarem e reaverem o que lhes tem sido e continua a ser roubado, e apoderar-se de mais terra e explorar outras áreas para investir.

Ao mesmo tempo em que os imperialistas EUA querem manter a supremacia militar em todo o mundo, eles exigem que a Europa Ocidental e o Japão paguem parte do preço em dinheiro e tropas. Por outro lado, a Alemanha, França, Inglaterra, Japão, etc., perderam o lugar à mesa onde Washington se senta à cabeceira.

Os últimos planos de “Defesa Estratégica” de alguns governos proclamaram abertamente o objetivo da supremacia dos EUA O último, que entrou apenas em vigor em 27 de Maio pelo governo democrata, reafirmou esse objetivo. De acordo com a hipocrisia dos EUA, a secretária de estado Hillary Clinton afirmou que “os valores dos EUA” eram importantes. Se substituirmos “valores” por “lucros” soa mais verdadeiro.

“Parar os Talibãs”, “parar o terror” e “direitos das mulheres” fazem todos parte da propaganda para esconder a verdadeira razão por que a Alemanha, algumas outras potências européias e o governo dos EUA enviam os seus jovens para matar e morrer no Afeganistão. A verdadeira razão é ganhar mercados para investimentos, explorar mais trabalhadores, controlar os recursos, expandir o comércio, reforçar a submissão na região e guardar os lucros que vão rolando para os bancos.

Publicado em Tribunal Iraque
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sábado, 19 de junho de 2010

Serra, o retorno do “Magnífico”?

Gilson Caroni Filho*

Nascido da tradição da Filosofia da História, o tempo lento, linear e previsível não costuma dar espaço para que surjam agitações trazidas por “eventos” desconstrutores de representações sedimentadas. No entanto, quando constelações específicas condensam a vida, restituindo sua dimensão dialética, estamos, sem dúvida, diante de atos ou fatos inaugurais quase sempre originados na esfera política.

José Serra, em discurso na convenção do PSDB que aprovou seu nome como candidato à sucessão de Lula, mostrou desconhecer quando a história se torna presente no espaço. Sua fala aparenta ser prisioneira de um passado que, por não poder ser explicitado para eleitores mais jovens, ameaça se voltar contra ele.

Ao dizer que “não tenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas e não tenho padrinhos”, Serra tenta, em vão, esconder de onde vem e quais são suas companhias. Tanto o PSDB quanto o PFL, partidos da coligação vencedora da sucessão eleitoral em 1994 e 1998, foram criaturas concebidas e direcionadas a fim de se tornarem instrumentos viabilizadores das velhas elites no sistema político hegemonizado pelo neoliberalismo. O ex-governador paulista, velho militante da AP, ressurgiu como ator de relevo no bojo da velha conciliação negociada.

É isso que faz dele o ator antagônico das novas formas de articulação entre o Estado e a sociedade civil, forjadas nos últimos oito anos de governo Lula. O tucanato representa uma época em que qualquer demanda coletiva, mesmo quando meramente setorial, encontrava barreiras quase intransponíveis na desorganização e apodrecimento dos aparelhos institucionais do Estado cartorial, submetido aos ditames do mercado.

Quando compara, de forma jocosa, Lula a Luís XIV, Serra incorre em dois erros perigosos. O primeiro mostra a indigência política de sua maneira de ver o país. O segundo traz à cena o “padrinho” que precisa ser ocultado. O desmantelamento do consórcio tucano-pefelista combinou ampliação da participação com fortalecimento institucional. O presidente petista não expressou a ameaça de uma via personalista, carismática, na qual a institucionalidade se enfraqueceu e a participação popular aumentou de forma abrupta e inorgânica.

Pelo contrário, dialogando com movimentos sociais, a inclusão de novos atores se deu de forma consistente, sem prejuízo do Estado Democrático de Direito. Antes o reforçou, na medida em que conferiu maior densidade e vitalidade aos partidos políticos, entidades de classe e ao próprio processo eleitoral.

A alusão ao monarca absolutista, a quem se atribui a frase “L’État c'est moi”, não só não guarda sintonia com o momento de avanços democráticos em que vivemos, como remete à genealogia política do candidato da Rede Globo, revelando o apadrinhamento rejeitado. Sim, Serra não é pouca coisa. Pontificou como gente grande no poder quando o Palácio do Planalto, no início do governo de FHC, parecia o de Lourenço, o Magnífico, fino poeta e protetor das artes em Florença. Ele permitiu a falência do banco dos Médicis.

No segundo mandato, o Planalto ficou parecido com o palácio de Lorenzaccio, príncipe intrigante e sem prestígio, que assassinou o primo Alexandre e depois foi assassinado também.

Na trama palaciana do tucanato, um forte componente de sua personalidade era o orgulho e alta conta em que tinha a si mesmo. O que mais temia, no entanto, ocorreu: passou à história como um fracassado na economia e um fiasco na política, tolerante com os desmandos de seus aliados e com a corrupção. Esse é o legado que Serra, com o apoio da grande mídia corporativa e do judiciário partidarizado, pretende resgatar. Será isso o que queremos?

Pretendemos voltar a um período em que ação econômica instrumentalizava a política, fazendo dela um meio de coerção para maximizar fins acumulativos? Ou desejamos manter as conquistas de oito anos de governo democrático- popular, que, enfrentando a questão social, inverteu os termos da equação?

Em tempo: ignorando o intervalo de 57 anos, a madrugada fria de 10 de junho de 2010, trouxe de volta o tema do petróleo como questão de soberania. Das brumas de 3 de outubro de 1953, Vargas voltou a sancionar a Lei 2004, recriando a Petrobrás, com o restabelecimento do monopólio do Estado para exploração do nosso mais valioso recurso natural. Da névoa seca do Planalto, Lula retomou a campanha de “O Petróleo é Nosso", reinventando Brasília como capital da consciência histórica.

Como Carta Maior já destacou, “a decisão do Congresso representa derrota para o projeto de Serra e das petroleiras internacionais que lutaram até o fim para adiar votação, na expectativa de uma reversão do quadro político nacional, após as eleições de outubro.” Mais uma conquista a ser preservada nas próximas eleições.
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* é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Hora do Povo

Publicado em Hora do Povo

O capitalismo é responsável pela deterioração ambiental

Orfilio Peláez


O capitalismo não pode regulamentar, e muito menos resolver a crise mundial desatada por ele, em particular a ecológica, porque fazê-lo requer pôr limites à acumulação de riquezas e essa opção é inaceitável para um sistema, cuja divisa é crescer ou morrer.

Assim o manifestou o presidente da Academia das Ciências de Cuba, doutor Ismael Clark, em conferência magistral na cerimônia de abertura do 2º Colóquio Internacional José Martí: Por uma cultura da natureza, efetuada na Aula Magna da Universidade de Havana, e à qual assistiu o membro do Bureau Político e ministro da Cultura, Abel Prieto Jiménez.

Clark disse que com a expansão da revolução industrial e a crescente demanda de energia, o meio natural virou um componente mais da riqueza econômica para o desenvolvimento do capitalismo. Isso conduziu a uma marcada deterioração ambiental caracterizada pelo desflorestamento indiscriminado, a poluição, e a perda da biodiversidade, na opinião dos peritos, a mais terrível seqüela devido a sua magnitude e irreversibilidade, sentenciou.

Lembrou que na sua época, Martí alertava sobre os perigos que poderia causar a injustificável agressão humana à natureza, quando expressou: “Comarca sem árvores, é pobre, cidade sem árvores, é malsã, terreno sem árvores, chama a pouca chuva”.

O também presidente do Comitê Científico do 2º Colóquio indicou que hoje a ética científica afronta o desafio de buscar enfoques conforme as necessidades básicas, mas por sua vez, que engrandeçam o bem-estar e a condição humana.

Durante o ato também discursaram o doutor Armando Hart Dávalos, presidente do Comitê Organizador do evento; o diretor do Escritório Regional da Cultura para a América Latina e o Caribe e representante da UNESCO em Cuba, Herman Van Hoff;o reitor da Universidade de Havana, Gustavo Cobreiro e o coordenador executivo deste Colóquio, Gustavo Robreño.

Também marcaram presença delegados e personalidades convidadas ao fórum, familiares dos Cinco Heróis e membros do corpo diplomático credenciado em Cuba.

Original em Granma
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fidel diz que Israel se compara aos nazistas com seu ódio aos palestinos

O ex-presidente de Cuba Fidel Castro disse que "a suástica do Führer (Hitler) parece com a bandeira de Israel hoje" na sua tradicional coluna "Reflexões", divulgada nesta sexta-feira pelos meios de comunicação oficiais da ilha.

"O ódio do Estado de Israel contra os palestinos é tal que não vacilariam em enviar o milhão e meio de homens, mulheres e crianças desse país aos crematórios nos quais milhões de judeus de todas as idades foram exterminados pelos nazistas", afirma Fidel em sua última coluna.

O comandante escreve assim a propósito do ataque "brutal", nas suas palavras, de forças de elite israelenses a uma frota que tentava romper o cerco de Israel a Gaza para levar ajuda humanitária aos habitantes do território palestino.

Fidel assegura que estas opiniões sobre Israel não nascem do ódio, mas "do sentimento de um país que se solidarizou e prestou auxílio aos judeus nos duros dias da Segunda Guerra Mundial quando o Governo pró-americano de Batista tratou de enviar de volta de Cuba uma embarcação carregada deles, que escapavam da França, Bélgica e Holanda por causa da perseguição nazista".

No artigo, o ex-presidente também se refere às novas sanções ao Irã impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas devido ao programa nuclear de Teerã e, na linha das últimas colunas, afirma que "uma nova e tenebrosa etapa se abre para o mundo".

O líder cubano responsabiliza os Estados Unidos pela "idéia aventureira" de criar em Israel, na década de 50, "um germe no Oriente Médio que hoje ameaça uma parte considerável da população mundial e é capaz de atuar com a independência e o fanatismo que o caracterizam".

Fidel, aos 83 anos, está afastado da vida pública desde 2006 por causa de uma doença que o levou a ceder o poder a seu irmão Raúl, embora ainda seja secretário do governista Partido Comunista.


Esta é a quinta coluna "Reflexão" do líder cubano publicada em menos de 15 dias.


Publicado em Solidários

domingo, 6 de junho de 2010

Inexplicável?

Juan Gelman

Tradução Rosalvo Maciel

Circulam várias hipóteses sobre a razão da operação militar israelense que causou a morte de 9 a 16 passageiros do navio de bandeira turca Mavi Marmara, dezenas de feridos, o seqüestro da frotilha que transportava 10 toneladas de ajuda humanitária para Gaza - bloqueada desde 2007 e invadida em 2008 - e a detenção de quase 700 pessoas, postas em liberdade depois de sofrer vexames de todo tipo. As explicações oficiais de Tel Aviv beiram o ridículo: os agredidos são agressores e os agressores, agredidos; os levados a Israel à força são imigrantes ilegais, aqueles que socorrem a palestinos famintos sãos cúmplices do Hamas primeiro, terroristas do Hamas depois, etc. É velha, muito velha, a técnica do vitimador vitimado.

O primeiro ministro Netanhayu justificou o ataque porque há que impedir que o Hamas receba armas “por ar, mar e terra” - obviando o fato de que as recebe por túneis convenientemente escavados - e afirmou que nenhum protesto o levará a levantar o bloqueio a Gaza. É a questão de fundo: Tel Aviv não renunciou ao sonho do Grande Israel e o cerco imposto a Gaza prejudica, mais que o Hamas, a seus habitantes, que já sofreram a Operação Chumbo Derretido, que tirou a vida de 1300 civis palestinos. Isto, em boa linguagem, se chama limpeza étnica e também sua história é velha.

O ideólogo do sionismo revisionista, Zeev Jabotinsky, declarou faz 87 anos que a única maneira de impor o Estado judeu era arrasar os árabes. Não é de estranhar que Ron Torossian, o organizador da manifestação Estamos com Israel em frente à missão da Turquía junto à ONU, tenha expressado esta opinião: “Creio que devemos matar a cem árabes ou a mil árabes por cada judeu que eles matam” (//gravker.com, 1610). Por que não cem mil, um milhão? Acaso Ariel Sharon não foi responsável, em 1982, pela matança de quase 500 civis palestinos desarmados nos campos de refugiados de Sabra e Shatila? Se isto é ideologia, há que mudar a definição da palavra ideologia.

A ação israelense parece guiada por outro conceito central de Jabotinsky: “Sustentamos que o sionismo é moral e justo. E dado que é moral e justo, há que fazer justiça ainda que José ou Simon ou Ivan ou Ajmed não estejam de acordo”, sustentou em um ensaio que publicou a revista russa Raavyet em novembro de 1923. Carlo Strenger, professor da Universidade de Tel Aviv, chamou “mentalidade de bunker” à imperante no país: Israel “não escuta a crítica, seja interior ou exterior. Essa incompetência é reforçada pela soberba: Israel está enamorado da idéia de que tem razão e que todos os demais se equivocam; por tanto, é incapaz de admitir que a política que aplica aos palestinos tem sido desastrosa” (www.haaretz.com, 2610). Strenger cita ao filósofo francês Bernard-Henri Lévy, um fervoroso defensor de Israel, o qual apelidou de “autismo político” este pensamento que atribui aos dirigentes israelenses: “O mundo não nos entende e nos condena se fazemos e nos condena se não fazemos, assim, fazemos o que queremos”. Jabotinsky redivivo.

Os EE.UU. sempre têm oferecido o espaço internacional necessário para que essa vontade se cumpra apesar a tudo. “A única democracia na região”, segundo a Casa Branca, não vacila em observar ao governo estadunidense nesse fazer o que queira. A reação de Obama ante o ataque ao navio turco e o “banho de sangue” conseqüente foi débil. Sequer o condenou, só pediu uma explicação dos fatos e aceitou que Tel Aviv rechaçasse a criação de uma comissão investigadora internacional. O mandatário norte-americano se converte assim em cúmplice da não investigação que haverá. Foi o vice-presidente Joe Biden quem ofereceu uma espécie de posição oficial sobre o tema: defendeu o bloqueio de Gaza e manifestou que Israel “tem o direito de saber” que carga levava o navio. Recorde-se que Netanyahu deu uma bofetada política em Biden quando este o visitou em março passado: o vice vinha para reforçar o processo de paz palestino-israelense e o primeiro ministro anunciou a construção de 1600 edifícios novos em território palestino ocupado. Vê-se que Biden é um homem que perdoa. É improvável que se produzam mudanças na estreita, muito íntima, relação EE.UU./Israel.

Cabe reconhecer que, à diferença de Tel Aviv, Washington não tem problema em abandonar os seus cidadãos em apuros. Cerca de dez estadunidenses viajavam no comboio de ajuda humanitária a Gaza, entre eles Joe Meadors, sinaleiro da fragata USS Liberty quando a bombardearam aviões e lanchas lança-torpedos de Israel em 1967; Ann Wright, coronel (R) do exército dos EE.UU.; Edward L. Peck, ex subdiretor do grupo de tarefas antiterrorista do gabinete de Reagan. Todos terroristas, naturalmente.


Publicado em Cuba Debate

Serra age como quem bate carteira e grita pega ladrão

André Vargas

O secretário nacional de comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR) rebateu os ataques à campanha da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, e evocou o passado do ex-diretor de inteligência da Polícia Federal, Marcelo Itagiba, para vincular José Serra a uma tradição de dossiês contra adversários. "Serra se comporta como aquele que bate a carteira e sai gritando: pega ladrão!”, ironiza Vargas.

“Para falar desse pseudo-dossiê sobre as ligações da filha dele (Verônica) com Daniel Dantas, basta Serra procurar o Google. Está no Google! Não existe dossiê. Mas a verdade é que Serra tem tradição de dossiês, não o PT. Basta lembrar de Marcelo Itagiba. Corre por aí que ele também coordenava dossiês contra o PT. É só procurar as notas que saíam nos jornais.

Eleito pelo PMDB e filiado ao PSDB desde outubro de 2009, o deputado federal Marcelo Itagiba (RJ) desempenhou papel de investigador nos depoimentos sobre a Operação Satiagraha, na CPI dos Grampos. Mas ele próprio havia sido denunciado por arapongagem contra a então pré-candidata à Presidência da República, Roseana Sarney, atingida nas vísceras pela operação “Lunus”, em 2002.

Em março daquele ano, a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão em dinheiro na empresa Lunus, de Roseana e Jorge Murad. Vinculou-se a grana a fraudes na Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). A imagem das cédulas definhou a candidatura Roseana.

Na sequência da operação da PF, o senador José Sarney alardeou uma trama suja para favorecer a campanha de Serra – o que envolvia a montagem de um dossiê no Ministério da Saúde. O peemedebista teria alertado ao presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o vaivém de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no Maranhão, Piauí e Pará, para fuçar a vida de sua família.

Em 20 de março, Sarney realizou um dos mais duros discursos de sua vida parlamentar, em defesa da filha. Da tribuna, afirmou que “o Ministério da Saúde, em vez de tratar das epidemias, dá prioridade às coisas de inteligência e espionagem.”

Itagiba foi personagem reincidente no discurso de Sarney:

“A imprensa em quase sua totalidade publica que esse mesmo grupo está conectado para essas ações políticas na Polícia Federal e no Ministério Público citando o delegado Marcelo Itagiba, ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal, ex-chefe do grupo de inteligência que se formou no Ministério da Saúde e que é, atualmente, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e o Procurador José Roberto Santoro”.

Em nota pública, Serra reagiu aos ataques: “As insinuações que o senador Sarney fez a meu respeito foram todas, sem exceção, inconsistentes, irrelevantes e até mesmo alopradas.”

André Vargas, secretário de comunicação do PT, reaviva a história no dia em que José Serra acusa a oponente Dilma de ser a responsável política por um dossiê contra sua filha, Verônica Serra. “A principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff, disso eu não tenho dúvida”, declarou o tucano.

Procurado em seu gabinete, Itagiba não retornou os telefonemas para comentar as declarações do secretário petista. “Montaram dossiê contra Sarney, em 2002. E mais uma: Serra esquece que eles (do PSDB) fizeram um grampo ilegal no processo de privatização. (O ex-governador do Ceará) Tasso Jereissati também foi vítima de grampo”, complementa Vargas.

O deputado federal sustenta que, na campanha de Dilma, não há uma disputa interna entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o vice-presidente do PT, Rui Falcão. “Não existe. Pimentel está se dedicando a outro projeto, que é definir sua candidatura ao governo ou ao Senado em Minas Gerais. É difícil compatibilizar. E o Rui Falcão tem participado da campanha. Tentaram criar essa divisão. Agora, o coordenador é o (José Eduardo) Dutra. E estamos aguardando a definição do Pimentel”, relata.

Vargas defende que “a vida do candidato tem que ser pública”, numa campanha eleitoral. “Dossiê é conversa fiada. É procurar no Google”.

Publicado em Vermelho
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sábado, 5 de junho de 2010

Como os EUA preparam uma guerra mundial nuclear

Por Fidel Castro, no Granma
Não encontrei outra opção a não ser escrever duas reflexões sobre o Irã e a Coréia, que explicam o perigo iminente de guerra com o emprego da arma nuclear. Por sua vez, já expressei a opinião de que um desses problemas podia ser emendado se a China decidia vetar a resolução promovida pelos EUA no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O outro depende de fatores que escapam a toda possibilidade de controle, devido à conduta fanática do Estado de Israel, convertido pelos EUA em sua condição atual de forte potência nuclear, que não aceita ser controlada pela superpotência.

Quando teve lugar a primeira intervenção dos EUA para esmagar a Revolução Islâmica, em junho de 1953, em defesa de seus interesses e dos de seu grande aliado, o Reino Unido, que levou ao poder Mohammad Reza Pahlevi, Israel era um pequeno Estado que ainda não se tinha apoderado de quase todo o território palestino, parte da Síria e não pouco da vizinha Jordânia, defendida até essa altura pela Legião Árabe, da qual não resta vestígio algum.

Hoje, as centenas de mísseis com ogivas nucleares, apoiados pelos aviões mais modernos, fornecidos pelos EUA, ameaçam a segurança de todos os Estados da região, árabes e não árabes, muçulmanos e não muçulmanos, que estão ao alcance do amplo raio de ação de seus projéteis, que podem cair a poucos metros de seus alvos.

No domingo passado, 30 de maio, quando escrevi a Reflexão "O império e a droga", ainda não tinha acontecido o brutal ataque contra a frota que transportava suprimentos, medicamentos e artigos de primeira necessidade para o milhão e meio de palestinos sitiado em um pequeno fragmento daquilo que foi sua própria Pátria durante milhares de anos.

A imensa maioria das pessoas investe seu tempo e luta para enfrentar as necessidades que lhes são impostas pela vida — entre elas o alimento, o direito ao divertimento e ao estudo, e outros problemas vitais dos familiares mais próximos —; sem pararem para buscar informação sobre o que acontece no planeta. A gente os vê em qualquer parte com expressões de nobreza e confiantes em que outros serão os encarregados de solucionar os problemas que os afligem. São capazes de se alegrarem e sorrirem. Desta maneira alegram aqueles que temos o privilégio de observar com equanimidade as realidades que ameaçam a todos.

O estranhíssimo invento de que a Coréia do Norte tinha afundado a corveta sul-coreana Cheonan — desenhada com tecnologia avançada, dotada de amplo sistema de sonar e sensores acústicos submarinos —, em águas localizadas em frente a suas costas, a culpava do desumano fato onde morreram 40 marinheiros sul-coreanos e dezenas receberam ferimentos.

Não era fácil para mim desentranhar o problema. Por um lado, não tinha a forma de explicar que um governo qualquer tivesse a possibilidade, mesmo que desfrutasse de autoridade, de usar mecanismos de comando para dar a ordem de torpedear uma nave insígnia. Por outro lado, jamais acreditei na versão de que Kim Jong Il tinha dado essa ordem.

Carecia de elementos de juízo para poder chegar a uma conclusão, mas estava certo de que a China vetaria um projeto de resolução do Conselho da Segurança que sancionasse a Coréia do Norte. Ao mesmo tempo não tinha nenhuma dúvida de que os EUA não podem evitar o uso da arma nuclear por parte do governo incontrolável de Israel.

Em horas avançadas do dia 1 de junho já se recebiam informações do que realmente aconteceu.

Às 22h30, escutei o conteúdo de uma análise intensa do jornalista Walter Martinez, que elabora Dossiê, programa estelar da televisão venezuelana. Ele chegou à conclusão de que os EUA fizeram com que cada uma das partes da Coréia acreditasse naquilo que cada uma delas afirmava da outra, com o objetivo de resolver o problema da devolução do território ocupado pela base de Okinawa, que o novo líder do Japão exigia, como porta-voz das ânsias do país. Seu partido obteve um enorme respaldo nas eleições, devido à promessa que fez de conseguir a retirada da base militar ali instalada, punhal cravado há mais de 65 anos no coração do Japão, hoje um país desenvolvido e rico.

Através da Global Research, são conhecidos os detalhes verdadeiramente assombrosos do acontecido, graças ao artigo de Wayne Madsen, jornalista pesquisador que trabalha em Washington DC, quem divulgou informação de fontes de inteligência no site Wayne Madsen Report.

Essas fontes — afirmou — “suspeitam que o ataque contra a corveta de guerra anti-submarinos Cheonan, da armada sul-coreana, foi um ataque de bandeira falsa feito para que parecesse vindo da Coreia do Norte."

"Um dos propósitos principais para o aumento das tensões na península coreana era aplicar pressão sobre o primeiro-ministro japonês Yukio Hatoyama para que mudasse a política sobre a saída de Okinawa da base do corpo de fuzileiros navais dos EUA. Hatoyama admitiu que as tensões pelo afundamento da Cheonan influíram bastante em sua decisão de permitir que os fuzileiros navais dos EUA permanecessem em Okinawa. A decisão de Hatoyama provocou a divisão no governo da coligação de centro-esquerda, um fato saudado em Washington, pela ameaça do líder do Partido Social Democrata, Mizuho Fukushima, de abandonar a coligação, devido à mudança de atitude sobre Okinawa.

"A Cheonan foi afundada perto da ilha Baengnyeong, um lugar do extremo ocidental afastado da costa sul-coreana, mas em frente da costa norte-coreana. A ilha está altamente militarizada e dentro do alcance do fogo de artilharia das defesas costeiras norte-coreanas, no outro lado de um estreito canal.

"A Cheonan, uma corveta de guerra anti-submarinos, tinha sonar de tecnologia avançada, e, além do mais, operava em águas com amplos sistemas de sonar, hidrofone, e de sensores acústicos submarinos. Não existe evidência sul-coreana de sonar ou de áudio de um torpedo, submarino ou mini-submarino na área. Visto que não há quase navegação no canal, o mar estava silencioso no momento do afundamento.

"Contudo, na ilha Baengnyeong existe uma base de inteligência militar estadunidense-sul-coreana e SEALS (forças especiais) da Armada dos EUA operam a partir dela. Além disso, no setor havia quatro navios da armada dos EUA, parte do Exército Foal Eagle EUA-Coréia do Sul, durante o afundamento da Cheonan. Uma investigação dos vestígios metálicos e químicos do torpedo suspeito demonstra que é de produção alemã.

"Existem suspeitas de que os SEALS da Armada dos EUA mantêm uma amostra de torpedos europeus com fins de denegação plausível para ataques de bandeira falsa. Ademais, Berlim não vende torpedos à Coréia do Norte; contudo, a Alemanha mantém com Israel um programa de estreita cooperação no desenvolvimento conjunto de submarinos e armas submarinas.

"A presença do USNS Salvor, um dos participantes no Foal Eagle, muito próximo da ilha Baengnyeong durante o afundamento da corveta sul-coreana, também suscita perguntas.

"O Salvor, navio civil de salvamento da Armada, que participou em atividades de colocação de minas pelos marines tailandeses, no Golfo da Tailândia, em 2006, esteve presente num lugar próximo ao momento da explosão, com um complemento de 12 mergulhadores de águas profundas.

"Pequim, satisfeita com a asseveração de inocência de Kim Jong Il da Coréia do Norte depois de uma viagem urgente de comboio de Pyongyang até Pequim, suspeita então do papel da Armada dos EUA no afundamento da Cheonan, associada às suspeitas particulares a respeito do papel desempenhado pelo Salvor. As suspeitas são as seguintes:

"1. O Salvor participava de uma operação de instalação de minas no leito marinho; noutras palavras, colocava minas anti-submarinas disparadas horizontalmente no fundo do mar.

"2. O Salvor realizava inspeção de rotina e manutenção de minas no leito marinho, e colocando-as em um modo eletrônico ativo — disparo por gatilho sensível — como parte do programa de inspeção.

"3. Um mergulhador dos SEALS colocou uma mina magnética na Cheonan, como parte de um programa clandestino com a intenção de influenciar na opinião pública na Coréia do Sul, no Japão e na China.

"As tensões na península coreana eclipsaram convenientemente todos os outros pontos da agenda nas visitas da secretária de Estado Hillary Clinton a Pequim e Seul."

Desse modo, de maneira assombrosamente fácil, os EUA conseguiram resolver um importante problema: arrasar o governo de Unidade Nacional do Partido Democrata de Yukio Hatoyama, mas a grande custo:

1. Ofenderam profundamente seus aliados da Coréia do Sul

2. Destaque para a habilidade e rapidez com que atuou seu adversário Kim Jong Il.

3. Fez ressaltar o prestígio da potência China, cujo presidente com total autoridade moral, agiu pessoalmente e enviou os principais líderes da China conversarem com o imperador Akihito, com o primeiro-ministro e outras personalidades eminentes do Japão.

Os líderes políticos e a opinião mundial têm uma prova do cinismo e da falta total de escrúpulos que caracterizam a política imperial dos EUA.

Publicado em Vermelho
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